quarta-feira, 28 de abril de 2010

Clínica oferece atendimento gratuito em parceria com prefeituras do Recôncavo

Setenta e cinco por cento dos atendimentos da Clínica Escola da Faculdade Adventista da Bahia (IAENE), que fica a 5 km de Cachoeira, são realizados pelo serviço social da instituição. O tratamento é gratuito ou chega a apresentar bolsas de até 80% de desconto.

A clínica funciona há sete anos e é a primeira no nordeste a oferecer tratamento de revitalização cardiovascular.

Para facilitar o acesso da população aos tratamentos, a clínica estabeleceu convênios com as prefeituras da região do Recôncavo Baiano, tais como Maragojipe, Muritiba, Mangabeira, Cachoeira, Sapeaçu e Conceição da Feira.

As prefeituras ficam responsáveis pelo transporte das 186 pessoas atendidas pelo serviço social da clínica. Tal serviço reduz a dificuldade dos pacientes que necessitam se locomover entre duas e três vezes por semana.

Os atendimentos conveniados com as prefeituras apresentam-se na área de fisioterapia ortopédica, fisioterapia cardiológica e fisioterapia neurológica. Para conseguir o atendimento, o interessado depende de disponibilidade de vaga na clínica e do transporte da prefeitura.

De coração novo
No Brasil, cerca de 350 mil pessoas infartam por ano e 80 mil vão a óbito. Na Bahia, são 28 mil infartos com 6.250 óbitos anualmente, conforme dados do Congresso de Cardiologia da Bahia de 2008.

Quando Pedro Antônio de Oliveira, 62 anos, chegou à clínica, em abril de 2007, precisava de um transplante de coração. Mas para entrar na fila de transplante é preciso preencher alguns critérios. Um deles é que a quantidade de sangue ejetado pelo coração deve estar abaixo de 20%. O de Pedro estava a 13%. O normal é acima de 55%. Outro critério é que o paciente deve apresentar insuficiência cardíaca classe funcional 4, ou seja, sentir falta de ar até quando está em repouso.

O diagnóstico de Pedro apresentava todas as evidências. “Ele tinha falta de ar até para escovar os dentes”, afirma Vilmar Zahn, fisioterapeuta cardiopulmonar.

Seis meses depois de iniciar as atividades de fisioterapia cardiológica, seu coração não precisava mais de um substituto. Os exercícios, que incluem caminhar na esteira, mostram a evolução. No início, Pedro caminhava 3 km/h com muito esforço. Hoje, alcança 6.6 km/h, sendo que sua fração de ejeção está na marca de 42%, quase normal.

Atividades corriqueiras como andar até o ponto de ônibus era quase insuportável, dirigir era impossível. Agora sua saúde lhe permite assumir o volante de seu próprio carro. Tudo isso foi conquistado por que a clínica resolveu oferecer todo o seu tratamento gratuitamente.

Um sorriso para você
Para os pacientes do tratamento de fisioterapia neurológica pediátrica, a diretoria da clínica organizou um projeto chamado “Um Sorriso para Você”. A intenção é oferecer um atendimento mais completo aos filhos, e também às mães que ficavam esperando todas as crianças da mesma cidade serem atendidas, para então retornarem para casa no transporte da prefeitura.

A taxa de adesão à fisioterapia neurológica é de R$ 48 por mês, o que equivale a R$ 6 por sessão. Um valor simbólico diante do benefício recebido. Em alguns casos, a Secretaria da Saúde do município auxilia no pagamento da taxa mensal.

Graças ao projeto, as crianças e suas mães agora ficam ocupadas durante todo o período em que permanecem na clínica. Logo que chegam, às 7h da manhã, todos participam de um momento de reflexão espiritual e, em seguida, é servido o café da manhã.

O tratamento inclui, além da fisioterapia, outras atividades que contribuem para o desenvolvimento neurológico das crianças, como fonoaudiologia, hidroterapia, musicoterapia e pedagogia.

Em algumas sessões as mães acompanham seus filhos. Já nos atendimentos direcionados apenas às crianças, as mães participam de oficinas e recebem orientações de um terapeuta familiar. Tudo termina às 11h da manhã. Essa rotina se repete duas vezes por semana.

O objetivo de oferecer uma manhã mais produtiva aos pacientes já está dando resultado. Vânia Sousa Barbosa, 32 anos, conta que aprendeu a confeccionar chaveiros, brincos, broches e tic tac de cabelo nas aulas de artesanato. Escolheu os brincos para começar a vender em sua cidade, Cachoeira. Ela diz que esta atividade tem ajudado no orçamento da casa. E completa: “Vou sentir falta de vir aqui, nas férias”.

As crianças também estão menos tensas, mais soltas, sorridentes e colaborativas, declara Josiane Costa, fisioterapeuta pediátrica. Isso é ótimo, mas, para ela, “o reconhecimento das mães é o mais gratificante”.

Profissionais
Sete profissionais e oito alunas de Pedagogia aceitaram o desafio de coordenarem atividades direcionadas às necessidades desses pacientes. O que chama a atenção é que todos os profissionais são voluntários, com exceção da fisioterapia que é realizada por estagiários supervisionados. Todos servem ao projeto “ por amor mesmo” , explica Lílian Becerra, diretora da clínica.(Fotos: Gislene Goulart)

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